quinta-feira, 28 de abril de 2011

Airport Infra Expo: investimentos privados nos aeroportos dominam os debates nos seminários

Palestrantes internacionais apresentam cases bem sucedidos no exterior e especialistas brasileiros se perguntam: um modelo desse, gerenciado pela iniciativa privada, funcionaria no País?

A indústria aeroportuária no Brasil passa por um período de transformações que tem provocado dúvidas sobre como será o futuro do segmento: o novo modelo de governança anunciado pelo Governo Federal vai funcionar? Há segurança para que a iniciativa privada nacional e internacional passe a investir nos aeroportos? O País está preparado para importar iniciativas internacionais como complexos privados, privatizados ou concessionados? Questões como essas dominaram os debates desta quarta (27/4) do 1º Seminário Internacional de Infraestrutura Aeroportuária da América Latina, evento que acontece paralelamente a Airport Infra Expo, primeiro evento no Brasil especialmente voltado para a cadeia de produtos e serviços destinados à indústria aeroportuária.

O diretor executivo do Aeroporto de Branson, Jeff Bourk, apresentou o case sobre o processo de implantação e consolidação daquele que é o único aeroporto privado dos Estados Unidos. "Um investimento desse tipo precisa envolver toda uma série de atrativos para que haja o movimento do complexo. Por conta do turismo, Branson, por exemplo, está em sexto lugar em todos os Estados Unidos no número de leitos de hotel oferecidos", afirmou. Ele destacou, ainda, que um complexo privado do gênero envolve atividades econômicas e gerenciais atrativas para o investidor como concessões de espaços, aluguel de veículos e a possibilidade de implantar o pagamento por desempenho dos funcionários.

Evaristo Mascarenhas, diretor de Marketing e Vendas da Trip Linhas Aéreas, disse que o modelo pode ser implantado no Brasil, mas a complexidade do sistema no País ainda exige outras alternativas, principalmente quando envolve localidades onde o aeroporto tem uma função mais social do que catalisadora de negócios, como é o caso dos aeródromos privados. "É difícil falar sobre isso quando a perspectiva é que o País termine o ano com menos aeroportos. Por não atender a legislação, dez de 20 aeródromos que operamos nos estados do Amazonas e Pará serão fechados no início de 2012. Nestes locais, os complexos têm uma função social por facilitar o acesso de bens materiais para comunidades distantes", ressaltou.

O diretor de operações do Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp), José Mauro Garcia, concorda com o colega: um modelo de aeroportos privados no Brasil seria interessante, mas a implantação imediata do sistema ainda é inviável. "Jeff afirmou em sua palestra que um complexo privado precisa de uma movimentação de 250 mil pousos e decolagens por ano para gerar lucro. Em São Paulo, o Aeroporto de Jundiaí tem um movimento de 70 mil por ano, o nosso maior índice no Estado. O sistema brasileiro é, ainda, muito dependente da participação governamental", afirmou.

Governança - Para que os investimentos privados sejam bem sucedidos, David Stewart, chefe de aeroportos da IATA (International Air Transport Association), afirmou em outro debate que é preciso levar em consideração questões como as metas a serem alcançadas, a consulta constante dos parceiros e uma regulação que funcione de forma efetiva. "A boa governança em um aeroporto que tenha administração ou concessão privada depende da transparência, de se ouvir todos os parceiros envolvidos, incluindo os passageiros que usam os serviços. Além disso é necessário um sistema regulatório que defina as regras de funcionamento", destacou.

Carlos Ebner, diretor para o Brasil da IATA, também ressaltou a importância do papel do sistema regulatório, mas expos dúvidas sobre as recentes mudanças feitas pelo Governo Federal: "a independência de um órgão regulador é fundamental. No novo modelo de governança anunciado pela presidente Dilma isto não ocorre. Tudo está na mão no governo". Ele se refere ao fato de que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) passa agora a ser subordinada a nova Secretaria de Aviação Civil (SAC) criada recentemente. "Ainda não sabemos como será daqui pra frente, como isso vai refletir no monitoramento dos serviços", completou.

Seminários - Os debates do 1º Seminário Internacional de Infraestrutura Aeroportuária da América Latina continuam amanhã (28/4), a partir das 10 horas. Destaque para a participação de CW Lee, CEO do Aeroporto Internacional Incheon, em Seul, considerado por seis anos consecutivos como o melhor complexo do mundo no Airport Service Quality Awards, premiação da Airports Council International (ACI). Os encontros estão divididos em dois grandes temas abrangendo questões conjunturais e de mercado, com foco nos aspectos mais emergenciais da realidade do setor no Brasil. O seminário tem, ao todo, 16 painéis de debates envolvendo 80 palestrantes, sendo 20 internacionais. Confira a programação completa no site do evento, em www.airpotinfraexpo.com.br.

Sobre a Sator
A AIRPORT INFRA EXPO é uma iniciativa da Sator, empresa de comunicação e eventos que tem a missão de oferecer soluções empreendedoras, conscientes e transformadoras para organizações e pessoas comprometidas com atitudes que garantam o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e socioambiental. A empresa conta com uma ampla experiência na organização de eventos de aviação como a Labace - Latin American Business Aviation Conference & Exhibition (entre 2007 e 2010), a Feira Nacional de aviação civil (desde 2008) e o Broa Fly-in (2006 a 2008).

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