terça-feira, 19 de outubro de 2010

Silvio Santos perdeu seu posto de maior comunicador do Brasil: agora é a vez de Lula.

Imagem: Steferson Farias/Agência Petrobras de Notícias

Por Viviane Nunes

Segunda-feira passei praticamente o dia todo acompanhando atividades do presidente Lula e do presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli.

Pela manhã, fui à Revap – Refinaria Henrique Lage em São José dos Campos, para a inauguração das unidades de coqueamento e hidrotratamento, parte dos investimentos da Petrobras em suas refinarias para adaptá-las ao refino de óleo pesado.

O que mais me impressionou não foi o crescimento da produção (que, aliás, subiu de 181 mil barris de petróleo por dia em 1980 para dois milhões de barris de petróleo por dia em 2010) ou o valor dos investimentos nos últimos oito anos e nos anos vindouros: cerca de U$ 8 bilhões para modernização e mais U$ 20 bi para construção de novas refinarias.

Aqui me permito um parêntese técnico de três parágrafos, além deste, antes de continuar a narrativa.

Desde 2006, o investimento para a modernização da Revap foi de U$ 3,5 bi. A unidade de hidrotratamento (HDT) é para produzir seis mil m³ de derivados de alta qualidade como, por exemplo, diesel a 10 PPM, cuja obrigatoriedade de uso no Brasil é só a partir de 2013, para atender às resoluções do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). A unidade de coque, por sua vez, vai propiciar o maior uso de óleo pesado brasileiro, convertendo o óleo combustível em GLP, nafta, gasolina, diesel e coque verde de petróleo, usado nas indústrias siderúrgicas, por exemplo.

Até 2011 serão inauguradas mais unidades de coque e HDT, pois a proposta da Petrobras é deixar suas refinarias flexíveis, atendendo ao refino deste hidrocarboneto com diversos graus API (escala hidrométrica idealizada pelo American Petroleum Institute - API, juntamente com a National Bureau of Standards e utilizada para medir a densidade relativa).

A Revap responde por 14% da produção de derivados no Brasil, processando 252 mil bpd. Os principais produtos são: querosese de aviação, gasolina, gás de cozinha, óleo diesel, nafta petroquímica, óleo combustível, asfalto e propeno.

Continuando a narrativa, o que mais me impressionou foi a facilidade com que o presidente do Brasil se comunicou com a plateia presente. Como ele simplificou algo completamente complexo, como é a indústria petrolífera e toda a questão comercial, ambiental e politica que a envolve. E, principalmente, se fez ser entendido.

Disse algo mais ou menos assim: o querosene que produzimos hoje é de péssima qualidade, com altíssimo teor de enxofre – grande poluidor e devastador do clima, causando, por exemplo, a chuva ácida. E enfatizou: 1.500 PPM. E o que será produzido pela Revap, a partir de agora, será com 10 PPM.

Só com este dado, a plateia já vibrou. Afinal, cair de 1.500 para 10 é uma queda bastante brusca para qualquer coisa: são 150 vezes menos... Mas o melhor estava por vir e foi aí que o público quase derrubou a tenda onde acontecia a cerimônia: Lula pegou dois vidrinhos e os levantou. Um com diesel mais escuro e outro com diesel transparentíssimo, tão transparente que parecia água, e disse mais ou menos assim: “vocês estão vendo este escuro aqui, a cor é quase igual a um óleo de fritar bife. E vai ficar assim, branquinho! Mas é apenas para os carros beberem!”.

Não aguentei. Caí na risada. Assim como todos. E ele foi extremamente ovacionado.
Lula continuou o seu discurso. Falou sobre a modernização de refinarias, para evitar a importação de petróleo ou derivados e assim conseguir uma reversão de valores: ao invés de importar, passar a exportar e gerar mais receitas para o país.

Falou da Europa. Que este novo diesel poderá entrar no continente europeu, cujas regras ambientais são bem mais severas do que a de outros países. Conquista de um novo mercado consumidor.

Foi além: “Sabem o que isto significa? O padrão de qualidade da Petrobras vai aumentar. E muito. A empresa já é respeitada no mundo inteiro, é a segunda petroleira do mundo”. Lula arrancou mais aplausos quando disse que foram investidos cerca de U$ 23 bilhões para recuperar a capacidade da indústria e, nesta hora, citou o pré sal e as pesquisas para sua exploração.

Conseguiu ainda mais risos. E risos sinceros. Desta vez, porque vai até Tupi (que terá a capacidade de produção de 100 mil barris de petróleo por dia), no final deste mês, para acompanhar a primeira extração comercial do óleo do pré sal. Disse que ia “arrancar” o petróleo a sete mil metros de profundidade, mas que tinha medo de helicóptero. Daí, aproveitou para falar de família, netos, time de futebol. Se fez amigo, irmão de cada um dos presentes. E pediu para ninguém falar o nome de sua candidata. Pois ele não estava em campanha, naquele momento....

E falou do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro). Da atual empregabilidade da indústria naval: 50 mil pessoas em todo o Brasil, contrução de novos estaleiros, recuperação da engenharia brasileira, capacidade de produção da indústria nacional, inauguração da P57, Cenpes (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello)...

E falou das 14 novas universidades, dos 126 cursos de extensão, das 114 escolas técnicas...

E falou: nunca antes na história deste país... E todas as vezes, o fez como melhor amigo do ouvinte.

Eu parei para pensar.

Senti orgulho de tudo o que ele disse e não tenho vergonha de afirmar. Fiquei feliz ao ver a Petrobras, que era uma empresa odiada, por ser considerada poluidora, há mais de 15 anos, ser uma das mais admiradas do Brasil e das mais importantes do mundo.

À noite, ainda acompanhando Lula e Gabrielli, a confirmação sobre a Petrobras. Na festa promivida pela Revista Carta Capitail, que entregou a premiação “As mais admiradas do Brasil”, a estatal petroleira estava lá. Assim como outras empresas, como Coca-Cola, Apple, Itaú, Odebrecht Cotia Trading (estas duas associadas à Federação de Câmaras de Comércio e Indústria Venezuela-Brasil), Hering, Vale, Natura, Ambev, Fast Shop, Renner, entre tantas outras, com a presença de Lula, Gabrielli, Mantega, Miguel Jorge, Orlando Silva, Abilio Diniz, Nizan Guanaes, Setubal, Guilherme Leal (dono da Natura e vice da Marina), Ivan Zurita e toda a nata empresarial brasileira.

Estamos há menos de 15 dias da eleição presidencial. Só o que peço, é para o próximo governante não tirar o orgulho, que muitos de nós sentimos pela primeira vez, de sermos brasilieros.

3 comentários:

  1. Adorei a matéria. Parabéns!
    Almir

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  2. Abilênio Almeida Pereira21 de outubro de 2010 às 08:46

    Não sou filiado a nenhum partido. Sempre votei para presidente no candidato Lula da Silva, tinha certeza que a vez o povo chegaria. Graças a um Presidente que se identifica com a maioria da população. Estou presenciando esse momento. Parabéns, gostei da matéria.

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